O primeiro-ministro destaca a reabilitação urbana como "prioridade" do Governo, mas alerta para alguns riscos. Dos empresários da construção e do imobiliário, outros avisos: mexer em certas leis "só servirá para adiar e travar decisões de investimento".
O primeiro-ministro disse esta segunda-feira que o investimento privado em reabilitação urbana só vai continuar se as cidades forem capazes de manter a sua autenticidade. É preciso termos bem noção de que a reabilitação urbana, tal como a construção, não vive por si e depende da vida das cidades, afirmou António Costa no arranque da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, que decorre no Cineateatro Capitólio. É necessário preservar a identidade das cidades, disse, defendendo a existência de cidades com vida própria e com os seus próprios habitantes.
Ninguém investe numa cidade que tem simplesmente as lojas das grandes marcas internacionais, afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que também o turismo só existirá enquanto houver uma cidade que tenha diferenciação.
Os alertas de António Costa ouviram-se pouco depois de o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) ter também deixado um recado ao governante. "Neste momento, anunciar alterações significativas à lei das rendas, limitar o alojamento local e agravá-lo, modificar o regime de obras em prédios arrendados, impor novas obrigações para salvaguarda de estabelecimentos e entidades com interesse histórico e cultural, falarem de alterações aos impostos que incidem sobre o imobiliário só servirá para adiar e travar decisões de investimento e potenciar conflitos entre senhorios e inquilinos, quando é fundamental garantir a competitividade face à concorrência de outros países europeus", disse Manuel Reis Campos.
O responsável do CPCI destacou que a reabilitação urbana está a ter uma dinâmica positiva, mas está ainda longe de responder às efectivas necessidades nacionais, uma vez que quase 1,5 milhões de casas necessitam de intervenção.
António Costa garantiu que a reabilitação urbana é uma prioridade para o Governo e referiu uma dezena de programas diferentes, alguns já em aplicação e outros quase prontos, através dos quais quer mobilizar até cinco mil milhões de euros de investimento até 2023.